Qual é o técnico hoje no futebol brasileiro que se preocupa em fazer um planejamento mesmo com o futuro incerto dentro de um clube? É difícil encontrar, mas Gilson Kleina é uma dessas pessoas.
Contratado para evitar o rebaixamento do Palmeiras no Brasileirão, Kleina deixou uma "situação confortável" na Ponte Preta para entrar em uma canoa furada no Verdão. Aceitou o desafio, sabia da situação irreversível e nem assim deixou de assumir as responsabilidades.
O presidente Arnaldo Tirone isentou o comandante da culpa pelo rebaixamento (ele realmente não tem culpa), mas Kleina deu a cara a tapa e disse que também tinha sua parcela de contribuição. Uma atitude que poucos teriam...
Não dei essa volta toda apenas para exaltá-lo. Vou explicar nas linhas abaixo o motivo do técnico ter o meu voto de confiança.
Gilson Kleina pode não ter nenhum título de expressão no currículo e até pouca experiência como treinador, mas reúne qualidades que o Palmeiras (e o futebol brasileiro) precisa para se modernizar. Afinal, o que adiantou o clube apostar em medalhões como Vanderlei Luxemburgo, Muricy Ramalho e Luiz Felipe Scolari? Um título do Campeonato Paulista e um da Copa do Brasil? Muito pouco.
O rebaixamento do Palmeiras foi decretado com duas rodadas de antecedência e, enquanto a diretoria caminha em passos lerdos, Kleina está a frente. O treinador já iniciou o planejamento visando 2013 e repassou os nomes que deseja ter para a próxima temporada. Rechaçou contratações apenas para a Copa Libertadores e ressaltou a importância de um elenco preparado para encarar quatro competições no ano (Paulista, Copa do Brasil, Libertadores e Série B).
A metodologia do treinador é diferente dos demais. Ao contrário da maioria dos técnicos, que tenta encaixar a sua filosofia dentro do clube, Kleina tenta mostrar ao Palmeiras que é o clube quem tem de ter filosofia e os profissionais se adaptarem a ela (isso serve tanto para jogadores, quanto técnico).
É difícil para os brasileiros entenderem esse pensamento. Por muito tempo, os torcedores foram acostumados a acompanhar trocas consecutivas de treinadores e assistir o time não encaixar e sofrer com a falta de padrão de jogo a cada mudança na comissão técnica. Hoje, o futebol exige mais.
Vejo Gilson Kleina como fundamental para as mudanças dentro do Palmeiras e com uma carreira promissora dentro do futebol brasileiro. Mostrou seu valor na Ponte Preta e tem mostrado ainda mais no Alviverde. A mudança de presidente, com as eleições em janeiro de 2013, não deve interferir no trabalho do treinador. Aliás, esse é um dos poucos acertos (mesmo sem querer acertar) da gestão de Arnaldo Tirone. A prioridade é outra...
VALE RESSALTAR
Hoje auxiliar de Gilson Kleina, Narciso merece a oportunidade que está tendo no time profissional. Foi interino no clássico contra o Corinthians e é um profissional que tem uma carreira vencedora no futebol de base, o que pode contribuir (e já está) para o trabalho do atual técnico. No entanto, a minha preocupação está com a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Ele foi contrato para o time buscar o título inédito na competição, mas agora está com profissional. E aí o que será feito?
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